Dissimulação e cinismo: presidente da Vale, Fábio Schvartsman:
"desta vez perdas humanas serão maiores"
"desta vez perdas humanas serão maiores"
para presidência da Vale (Folha)
A lógica das privatizações é, nesse e em outros sentidos, corrupta, e são corruptos os que a defendem como instrumento de capitalização e de desenvolvimento do país. Por que corrupta? Porque corrompe e subverte o interesse nacional submetendo-o à racionalidade de empresas (ou consórcios) que têm como projeto a si próprios e não o país. Em nome disso, formam-se teias de influências corruptoras por todo o poder público - no Legislativo, no Judiciário, no Executivo - com o objetivo de garantir concessões em áreas vitais para o interesse nacional, que é estratégico, republicano, social e determinado para além do interesse do capital. Não há um único exemplo na história econômica mundial de políticas privatistas que tenham dado certo... como se pode ver nos exemplos dos países que vivem à mercê da crise de média duração em que o capitalismo global jogou o mundo desde 2008, talvez antes disso.
Estamos diante, no entanto, de um processo mais do que econômico porque para que ele siga seu curso corruptor é necessário que se crie à sua volta um conceito ideológico de valor - através do qual os atributos do que é privado são mais virtuosos daquilo que é público: eficiência, geração de riqueza, extensão social das consequências disso - valores todos eles transformados em construções simbólicas discursivas (em especial nas narrativas da mídia) que carregam o sentido de tudo quanto se diz a respeito da economia e à representação do senso comum. A rigor, são mentiras disseminadas como simulacro da verdade, O superministro Paulo Guedes, um canalha privatista, é exemplo disso.
Estamos diante, no entanto, de um processo mais do que econômico porque para que ele siga seu curso corruptor é necessário que se crie à sua volta um conceito ideológico de valor - através do qual os atributos do que é privado são mais virtuosos daquilo que é público: eficiência, geração de riqueza, extensão social das consequências disso - valores todos eles transformados em construções simbólicas discursivas (em especial nas narrativas da mídia) que carregam o sentido de tudo quanto se diz a respeito da economia e à representação do senso comum. A rigor, são mentiras disseminadas como simulacro da verdade, O superministro Paulo Guedes, um canalha privatista, é exemplo disso.
Pessoalmente, não acredito que o Brasil tenha qualquer possibilidade de sair da profunda crise em que se encontra metido - uma crise que eu chamo de disruptiva e tóxica que já evidenciou colocar em risco os próprios fundamentos da nossa sociedade. Essa crise é o resultado da forma corrupta como os interesses privados se tornaram hegemônicos em todas as dimensões da vida brasileira, esgarçando qualquer perspectiva de solidificação identitária. É só olhar em volta: os interesses privados transformaram os brasileiros num bando sonâmbulo que não sabe para onde vai e nem tem condições de entender por que vive assim. Estou convencido de que é isso o que explica a desfaçatez da Vale e as razões da tragédia de Brumadinho.
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