sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Onde é a saída?

O clarão ao fundo não indica que o fim do obscurantismo está se aproximando; 
indica o contrário: estamos indo na sua direção para acabar com ele
Não sei dizer qual desses dois grupos - em muitos casos mesclados nas esferas de representação em que atuam - mais ameaça a emancipação do Brasil, mas acredito que o feitio civil do primeiro facilita seu combate na desconstrução de seu modelo econômico neoliberal, fracassado no Brasil em em toda a parte. O apelo ao Estado Mínimo, por exemplo, no nosso caso, traduz-se nessa miséria e carência generalizada que já afeta quase 100 milhões de brasileiros. São os gângsters do impeachment os responsáveis por isso.

Não é a mesma coisa que acontece com os evangélicos. O pessoal da "Bíblia", como a imprensa se encarregou de apelidar, lida com construções simbólicas cuja desmontagem não se dá apenas no campo material, mas no universo ideológico que é instaurado de forma intermitente e sistemática em territórios nos quais não é só a materialidade da existência que importa. A Educação me parece ser o melhor exemplo pois reside em valores que formam a ética do cotidiano o antagonismo simplificador ao qual me referi acima. 

É o que parece documentar a matéria publicada pelo jornal El País - Igrejas evangélicas e internet cumprem função de escola no Brasil popular. No vácuo aberto pela ausência do Estado nas áreas maios pobres do Brasil e no mesmo momento em que se polarizam as discussões, têm sido essas igrejas as protagonistas na oferta de um tipo de orientação pedagógica marcada por um fundamentalismo filosófico que nega a própria função da Escola todo ele construído em torno de argumentos que negam o racionalismo como traço cultural da modernidade, ainda que isso se dê pela tecnologia e pelos instrumentos da escrita e da leitura. O que há de paradoxal é o conteúdo frente ao instrumento...

Acredito que esta é a marca fundamental da expansão do neopentecostalismo no Brasil: uma percepção que remete as contradições sociais a uma esfera de valores ultraconservadores que, no entanto, sugerem - apenas sugerem - o resgate de uma cidadania perdida pela via da negação do sujeito, base da construção do um Estado teocrático ou confessional não só aqui, mas pelo mundo afora, como fica claro nesta outra matéria do El PaísFé evangélica abraça as urnas na América Latina.

Se essas considerações que faço aqui têm fundamento e encontram alguma correspondência na realidade, então o resgate da Democracia no Brasil está interditado ou pelo menos sofre uma retardo que ultrapassa em muito os limites em que se dá o debate eleitoral neste 2018. Reúno abaixo um conjunto de reflexões recolhidas nos últimos três anos - entre notícias dos jornais e sites e artigos acadêmicos que podem nos ajudar em duas coisas: compreender o fenômeno e erradicar nas várias dimensões da esfera pública a ameaça que ele representa para a construção de uma sociedade laica, democrática e de justiça social. 

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